Se cá estivesses, hoje comprava-te um pão-de-ló. Tu ias dizer “ó filha, para que é que foste gastar dinheiro!”. E eu dizia-te “Ó vó, porque sim!”. E depois cantávamos-te os parabéns, num lanche entre poucos. As tuas irmãs iam-se rir e contar anedotas, e tu ias beber um copito de espumante e dirias: “Não posso beber muito, senão logo à noite começam as ‘marteladas’ na cabeça!”. E nós riamo-nos dessa referência especial à tensão alta. Depois ainda te dava uma fotografia numa moldura. Uma nossa, em que eu estivesse bem, porque tu sempre foste fotogénica. Tu olharias para o retrato, puxarias os óculos para a testa, para as lentes não te atrapalharem o olhar minucioso, bem de perto, e dirias finalmente: “Obrigada, filha”. E depois ficaríamos ali, sentadas na cozinha, até que a hora de jantar nos obrigasse a desocupar a mesa e a debandar. Nessa altura levar-te-ia pelo braço até à porta de tua casa e dar-te-ia um beijinho na bochecha. E tu dirias: “Credo, que nariz tão frio!”. E eu dava-te um abraço e acenava-te um adeus da esquina do supermercado, como se fosse a última vez.
Espero que tu e a tia Laura passem um dia em cheio por aí. Aqui chove e hoje não como pão-de-ló. Parabéns vó.
sexta-feira, dezembro 02, 2005
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