quarta-feira, abril 18, 2007

Exercício criativo que fizemos hoje de manhã

Experimentem escrever, no tempo de duas canções (mais ou menos 6 minutos), uma história que inclua os termos (por esta ordem exacta):
1 - Vanessa; 2 - alternativo; 3 - marginal; 4 - dia de sol; 5 - praia; 6 - sol; 7 - amarelo; 8 - pintainho; 9 - galinha; 10 - quinta; 11 - sexta e 12 - ganza.


PS - Se quiserem, insiram as vossas histórias nos comentários. Amanhã ponho lá a minha.

12 comentários:

Nuno de Lemos Jorge disse...

Vanessa queria sair, dar uma volta pela baixa e espairecer. Porém, sem roupa à medida da ocasião, viu-se obrigada a seguir um plano alternativo.
Resolveu, por isso, vestir o seu fato-de-banho - peça, aliás, reduzidíssima, que fazia os encantos do vizinho que, periodicamente, a espreitava da janela em frente, e rumar à costa.

Cumpridos os rituais costumeiros - "olá" à vizinha, desvio das poias de cão no passeio - fez-se à estrada.
À chegada entregou, algo contrafeita, uma moeda ao marginal que orientava os estacionamentos. Com tão lindo dia de sol, não estava para chatices.
A praia tinha areia e sol, como é da praxe, embora o calor fosse moderado.
Estendida a toalha, Vanessa recebeu com alguma conforto egoísta um sorriso amarelo de outra veraniante próxima, certamente pesarosa das suas próprias formas, redondas em baixo, um vago esboço redondo de pintainho.
"Que fome" - pensou ela, lebrando-se da deliciosa galinha com iogurte que, na quinta, comeu em casa da mãe.
Galinha na quinta. Na sexta, janta e ganza com os amigos. Sábado de praia.
Estava a ser uma semana em grande!

(8 minutos - excedi-me um bocado)

SR disse...

Boa! É giro, não é?

Anónimo disse...

É, é fixe!

French guard from the castle of his master, Guy de Lombard disse...

Ficou com gralhas, por isso reproduzo-o apenas com as rectificações:

Vanessa queria sair, dar uma volta pela baixa e espairecer. Porém, sem roupa à medida da ocasião, viu-se obrigada a seguir um plano alternativo.
Resolveu, por isso, vestir o seu fato-de-banho - peça, aliás, reduzidíssima, que fazia os encantos do vizinho que, periodicamente, a espreitava da janela em frente - e rumar à costa.

Cumpridos os rituais costumeiros - "olá" à vizinha e desvio das poias de cão no passeio - fez-se à estrada.
À chegada entregou, algo contrafeita, uma moeda ao marginal que orientava os estacionamentos. Com tão lindo dia de sol, não estava para chatices.
A praia tinha areia e sol, como é da praxe, embora o calor fosse moderado.
Estendida a toalha, Vanessa recebeu com algum conforto egoísta um sorriso amarelo de outra veraniante próxima, certamente pesarosa das suas próprias formas, redondas em baixo, um vago esboço de pintainho.
"Que fome" - pensou ela, lebrando-se da deliciosa galinha com iogurte que, na quinta, comeu em casa da mãe.
Galinha na quinta. Na sexta, janta e ganza com os amigos. Sábado de praia.
Estava a ser uma semana em grande!

SR disse...

Como o prometido é devido, aqui vai (foi o que se arranjou àquela hora e naquele tempo):

A Vanessa era uma vaca leiteira pouco comum. Para começar, tinha um padrão de malhas alternativo. Em vez das manchas irregulares e aleatórias no lombo e no cachaço, as formas que a decoravam tinham o formato de ananases. As outras vacas olhavam-na de lado, do alto das suas expressões avacalhadas. A Vanessa era uma marginal.

Mas chegou-se um dia de sol em que a Vanessa mugiu para ela própria que já bastava de ser o alvo da chacota das outras cornudas. Prometeu a ela própria que um dia iria à praia, porque o seu sonho desde vitela sempre tinha sido o de ver o mar. Iria vestir o seu biquíni amarelo, que já se imaginava a comprar nos tamanhos grandes do Corte Inglés e sairia portão fora, espantando o pintainho mais sarcástico e restantes galinhas poedeiras. Sairia numa quinta e voltaria numa sexta. Só precisava de arranjar a ganza para levar o plano avante.

Olavo Lüpia disse...

"Vanessa" era um rapaz diferente.
De calças justas ou vestidos, bamboleava as ancas inexistentes pelas ruas da cidade. O seu estilo de vida alternativa chamava a atenção de todos: dos brincalhões, que assobiavam e lhe chamavam «boazona»; dos menos brincalhões que o (a?) enxovalhavam, tratando-o como marginal.
Num dia de sol, enquanto disfrutava do seu passeio vespertino, sentou-se numa esplanada e olhou, perdido, o céu. Imaginou-se numa praia, o sol a fustigar-lhe a morena facies.
Foi acordado desta distracção impura por um soco. Era o seu chulo.
- Como é, Vanessa? O meu dinheirinho.
- Eh, Tójó, não tenho aqui nada. Dou-to mais logo.
Tójó disse-lhe que, se naquela noite não visse a cor do seu dinheirinho, Vanessa ia fazer uma operação de mudança de sexo à bruta.
Assustado, Vanessa chorou quando pensou que dificilmente iria ter dinheiro para lhe pagar.
Não se pode dizer que fosse um "patinho" feio, mas antes um amarelo pintainho desajeitado, que, por assim ser, nunca se transformaria num lindo cisne, mas numa vulgar galinha.
Nessa noite, de Quinta para Sexta, lá estava o Vanessa a atacar na rua da Segurança Social, quando lhe apareceu Tójó, pior que um búfalo e munido de um rudimentar bisturi...
Eh, lá! Acho que já excedi o meu tempo e, ainda que não me falte ganza, acabaram-se as mortalhas.
Ficamos por aqui, ok?

SR disse...

Temos uma Vanessa gaja, uma Vanessa vaca e uma Vanessa-Vanesso. Isto é giro!

Olavo Lüpia disse...

Believe it or not, o "Vanessa" existe mesmo. Se perguntares a qualquer leiriense quem é "o Vanessa", vais ver que, por aquelas bandas e em comparação, o tremoço é um relativo desconhecido...

SR disse...

Se aqueles catraios do Porto sabem disso...

clarisca disse...

“Se pudesse escolher a banda sonora da minha vida, aquela música da Maria Albertina, como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina entraria de certeza”. A frase caiu que nem uma bom naquele jantar de intelectuais em que o menu, obviamente alternativo, incluía pastelinhos de soja e vol-au-vents de tofu. Afinal, num grupo de melómanos fanáticos e de devoradores de compositores nascidos antes do século XIX, gostar de António Variações parecia completamente marginal. Quase tão mau como gozar a praia num dia de sol. Ou como eleger o amarelo como cor predominante no quarto de dormir, sendo o edredão decorado com um ou outro pintainho. Para cortar ambiente, alguém ousou um trocadilho: “Quem é que (g)alinha na quinta ou sexta ganza?

O final é um pouco precipitado, mas o tempo urgia...

clarisca disse...

Versão corrigida, como a do outro...

“Se pudesse escolher a banda sonora da minha vida, aquela música da Maria Albertina, como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina entraria de certeza”. A frase caiu que nem uma bomba naquele jantar de intelectuais em que o menu, obviamente alternativo, incluía pastelinhos de soja e vol-au-vents de tofu. Afinal, num grupo de melómanos fanáticos devoradores de compositores nascidos antes do século XIX, gostar de António Variações parecia completamente marginal. Quase tão mau como gozar a praia num dia de sol. Ou como eleger o amarelo como cor predominante no quarto de dormir, sendo o edredão decorado com um ou outro pintainho. Para cortar ambiente, alguém ousou um trocadilho: “Quem é que (g)alinha na quinta ou sexta ganza?

O final é um pouco precipitado, mas o tempo urgia...

SR disse...

Muito bom! Grande Clarisca!