Marcou o código do cartão Multibanco. 0404. Quatro de Abril. Dia do nascimento do filho mais velho. Como não fica bem a um pai ter preferências explícitas por um ou outro exemplar da sua própria descendência, arranjou aquela maneira de o estimar secretamente no dia-a-dia. Enquanto esperava que a máquina lhe cuspisse os 100 euros em notas de 20, pegou no talão do cliente anterior, que tinha ficado à vista, amarrotado, em cima do teclado da máquina. Cinco euros e três cêntimos. Que porra de saldo!, pensou. O que é que se faz hoje em dia com cinco euros? Não dá para ir jantar fora, não dá para ir ao cinema... Olha, dá para comprar um maço de tabaco e ler o jornal...
Quando a máquina começou a vomitar o dinheiro, o formigueiro já instalado nos pés começou a subir freneticamente pelas pernas acima. Se cinco euros não dão para quase nada, os 100 euros que se preparava para agarrar dariam para mudar a sua vida.
(À semelhança de um exercício anterior, que não chegou a conhecer um fim porque entrou num triângulo das Bermudas em formato de blog alaranjado, apelo à continuação desta história, caso queiram e estejam para aí virados... O primeiro a acrescentar um parágrafo a isto que deixe um comentário a avisar. A ideia é perpetuar a corrente, de blog em blog, até que alguém lhe queira dar um fim. É preciso é ir deixando bocadinhos de pão para marcar o caminho.)
2 comentários:
Susinha: belo exercício. Da outra vez fui eu o responsável pelo assassinato da história. Desta vez a história é outra: assassinei o meu blog (alaranjado) e acompanharei a história com muita "dranquilidade". Boas ficções! Joaõ
Já continuei, Susa!
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