domingo, setembro 02, 2007

A saudosa Maria Armanda, outro "tesourinho" actualizado…



Muita gente teve uma carreira no mundo do espectáculo de 20 anos, mas nem toda a gente teve uma carreira até aos 20 anos. Maria Armanda sim: "Levei uma vida de espectáculos até aos 20 anos." Ainda hoje lhe fazem perguntas acerca desses dias: "Eu fiz parte do passado de muita gente, inclusive do meu - não faz diferença, não me irrita."
O seu grande êxito surgiu aos quatro anos, quando gravou Eu vi um sapo, que explodiu pelo país inteiro e a colocou na rota interminável dos concertos. Gravou cinco discos no total. Enquanto não teve "outros objectivos", a carreira "foi durando". Depois "não houve consenso nos meios familiares" e ela optou por seguir a faculdade, licenciando-se em Línguas e Literaturas Modernas.
"Nunca faltei às aulas para dar um concerto - os meus padrinhos nunca aceitaram concertos em dias de aulas." Refere os padrinhos, porque foi com eles que cresceu - "O meu pai faleceu quando eu tinha dois anos", recorda, sem amarguras. Aos 18, então, deu-se "um certo choque de gerações": "O meu padrinho estava nos setentas, a minha madrinha tinha falecido, ele não via com bons olhos eu andar a cantar em bares e eu não queria continuar a cantar Eu vi um sapo aos 18 anos." Fizeram um acordo: o padrinho fechava os olhos às saídas de Maria Armanda, desde que ela tivesse boas notas e desistisse de cantar. E acabava a carreira musical.
Depois do curso foi dactilógrafa, depois foi "daquelas meninas que fazem atendimento telefónico", a seguir "administradora do MacDonald"s", e agora é "delegada comercial de uma empresa de importação e distribuição de acessórios de telemóveis". Da carreira musical tem "saudades", porque "foram muitos anos", conheceu "pessoas com formas de estar muito diferentes", mas, faz questão em dizer, "não são saudades que levem à amargura". Do que fala mesmo com carinho é do padrinho (que "ainda é vivo e está de saúde"): "Estou-lhe muito grata por tudo. Sabe-se lá que rumo eu teria levado se não fosse ele."


João Bonifácio, Público, 31/08/2007

1 comentário:

Raúl Figueiredo disse...

Conheci a Maria Armanda em 1979, tinha ela 5 anos quando participámos em vários espectáculos
da Rádio Renascença. Ela cantava, eu imitava. Era uma criança fora de série.
Desejo-lhe o melhor do mundo.

Raúl Figueiredo